Por Paulo Castro

À exceção de raras e louváveis iniciativas pedagógicas de vanguarda realizadas em nosso País, é forçoso (e lamentável) constatar que muitos projetos promissores de educação – que poderiam realmente empregar seus recursos (materiais e humanos) na formação de indivíduos melhores, conscientes e preparados para o mundo e a vida –, premidos pelas exigências imediatistas e reducionistas do sistema capitalista, acabam preparando os jovens unicamente para o mercado de trabalho. A experiência mundial mostra que esse modelo de customização única da educação é perigoso, se mostra inviável e é ineficaz para edificar uma vida plena, com base nos princípios superiores de uma coexistência pacífica entre os seres na sociedade global. Basta dizer que físicos nucleares são profissionais com uma formação técnica complexa, exigente extremamente apurada, mas muitos são utilizados pela indústria bélica, para a fabricação de armas de destruição em massa, mas não para a resolução de problemas cíclicos e pungentes da humanidade. Não se pode dizer que tais profissionais não sejam bem preparados. Sim, eles são, mas para os objetivos deploráveis de muitos governos em âmbito mundial. Não foi por acaso que o Dalai Lama afirmou, certa vez: “A importância da educação já foi compreendida, mas cérebros brilhantes também podem produzir grandes sofrimentos. É preciso educar os corações”. Seguindo na contramão desse sentido único da educação brasileira, em que tantos projetos pedagógicos auspiciosos se perderam, uma escola pública do DF vem adotando um projeto inusitado e promissor. A direção e o corpo pedagógico do Centro de Ensino Fundamental 1 do Planalto, vislumbrando a relevância que o Movimento Pedagogia das Virtudes pode representar para a verdadeira formação dos jovens, resolveram adotar os princípios norteadores da iniciativa em sua grade curricular. O Movimento Pedagogia das Virtudes foi proposto pela União Planetária (UP), a fim de inspirar a sociedade brasileira a adotar um novo modelo educacional pautado na formação de valores. “A escola encerra o ano letivo com o melhor projeto desenvolvido na sua gestão, que é bastante desafiador. Com todas as dificuldades pedagógicas, ele veio para aprimorar o verdadeiro valor da virtude do ser humano. Buscamos o fortalecimento do projeto com os educadores, integrando a família, a escola e a comunidade”, afirmou a diretora do Centro de Ensino Fundamental 1 do Planalto, a professora Nilce Coimbra, que manifestou grande entusiasmo pelo projeto. Segundo ela, o projeto da Pedagogia das Virtudes, empregado na escola, “ajudará a desenvolver, nos alunos, atitudes e comportamentos de respeito no seu dia a dia”, declarou. A educadora ressalta que, com o projeto, “poderemos identificar possíveis influências negativas e positivas” nos alunos e atuar a tempo. “Nossas crianças, hoje, ficam mais tempo na escola do que com a família. Por isso, acredito que, com o projeto, estamos colaborando com os familiares no desenvolvimento e na educação do aluno”, destacou. A diretora afirma que vê a dificuldade das crianças, hoje, em pedir desculpas, perceber os próprios erros, evitar brigas entre elas, ou seja, constata -se uma inversão de valores. “Entre tantas coisas que todos os dias falo a elas, digo que temos aquilo que queremos: se plantamos amor, teremos amor; se semeamos tempestades, teremos tempestades”, garantiu. Em seguida, ela diz: “Esse projeto veio para abrir um leque de projetos que devem ser desenvolvidos ”para fortalecer as virtudes em cada uma das crianças. “Obrigada, ao Movimento Pedagogia das Virtudes, por ter dado a oportunidade de participarmos deste projeto e por acreditar nessas crianças, porque todos podemos ter algo de bom, mesmo no íntimo, por mais que muitos não acreditem, mas vocês, do Movimento, acreditaram nelas”, acrescentou. Com base nos princípios do projeto, a professora Vanessa Barros de Lima, coordenadora pedagógica das séries iniciais, acolheu e aperfeiçoou a sugestão apresentada, dando início concreto ao projeto na escola. Para isso, ela estabeleceu algumas propostas pedagógicas. Entre elas, o “Concurso de Redação de Histórias Virtuosas”, em que cada aluno deverá fazer uma produção de texto contando uma história sobre algo virtuoso realizado por alguma pessoa. Entre os textos, um de cada turma será escolhido para ser contado em um programa de televisão. Os três primeiros colocados de cada turma receberão um prêmio. Como preparação para as aulas com base nos princípios do projeto, a professora Vanessa Lima pretendeabordar os conceitos sobre as virtudes e falar de situações concretas em que elas podem ser exercidas e vividas. “Pretendo perguntar aos alunos se eles conhecem o significado de virtude. Qual é a diferença entre virtude e vício? Questões assim”, salientou a professora. Filmes (como “A Corrente do Bem”) também estão previstos para a fixação do conteúdo e o debate em sala de aula. A professora Jeane Delforge também expressou alegria e confiança no projeto, sustentando que “é realmente necessário e urgente trabalharmos as virtudes com nossas crianças. A realidade que enfrentamos em sala de aula e (porque não dizer?) no cotidiano das relações demonstra o quanto estamos nos afastando do autoconhecimento e, consequentemente, dos nossos valores éticos”, declarou. Ela sustenta que, “ao desenvolver esse trabalho, me deparei com alunos que manifestaram o desejo de desistir do projeto, por não encontrarem histórias virtuosas em suas vidas para contar”, argumentou. Ela completou, dizendo que as crianças lhe perguntaram várias vezes: “precisa ser sobre uma coisa boa, professora? Não pode ser uma história com violência?”. Jeane Delforge diz que “isso me provoca uma reflexão profunda sobre a nossa existência neste momento planetário. Precisamos nos unir em um movimento de amor, pois a realidade de nossas crianças e nossos jovens em situação de vulnerabilidade social é dura, inimaginável; está gerando adultos insensíveis ao próximo e à própria vida”, lamentou. Por fim, a educadora declara acreditar “que esse trabalho com as virtudes traga transformações para todos, pois nos leva a observar, de forma profunda, como estamos atuando neste mundo e se contribuímos com efetividade para o propósito do amor. Gostaria de deixar a pergunta: ‘será que somos a transformação que gostaríamos de ver no mundo?’. A semente que esse projeto irá plantar em cada criança florescerá em um mundo mais harmônico, certamente”, conclui ela, com esperança. O presidente da União Planetária, Ulisses Riedel, também se manifestou com alegria e esperança, ao saber que o Movimento da Pedagogia das Virtudes semeará seus frutos no Centro de Ensino Fundamental 1 do Planalto. “Consideramos inevitável que aqueles que participarem do projeto serão tocados em sua sensibilidade. Os alunos e em especial aqueles que trouxerem histórias sugestivas, que serão gravadas e exibidas na TV SUPREN, serão transformados. Será inserida em suas consciências a importância do comportamento virtuoso e, mesmo na velhice, eles contarão aos seus netos a rica experiência de serem chamados à televisão para contar as suas histórias virtuosas. Existe na natureza uma perfeita relação entre causa e efeito. Colhemos o que semeamos. Quando escolhemos a semente, determinamos qual fruto será alcançado”, finalizou. Que as sementes das virtudes, plantadas pela iniciativa do Movimento Pedagogia das Virtudes, possam gerar frutos na educação e reflorestar toda a natureza humana.