Entre os dias 22 e 27 de outubro aconteceu a SemUni, a Semana Universitária UnB 2017. Presente no evento, Eduardo Chaves, ficou tão sensibilizado com um fato ocorrido que o Jornal Supren considerou importante relatar aos leitores

Por Eduardo Chaves –

Desde 2003 eu tenho acompanhado as edições da Semana Universitária da UnB, e neste ano estive, juntamente com o Movimento 2022 – O Brasil que Queremos, em algumas atividades com o mote “Vamos Repensar o Brasil”. Numa dessas ocasiões, o tema foi “Tendências da Educação”, organizado pela advogada e voluntária do Movimento, Aline Gomes. A ideia era apresentar sugestões concretas de como melhorar o país por meio da educação – algo que está no discurso da maioria, porém um tanto de forma etérea e demagógica. Dividi a mesa com o professor Marcos Formiga, também do Movimento 2022 e do Núcleo de Estudos do Futuro, com a Aline, que mediou o debate, além do amigo Ulisses Riedel, participação mais que especial. Resumidamente, ponderei com a platéia que é impossível o Brasil ser um país melhor se não mudar radicalmente a forma como trata assuas crianças, seja no cotidiano das relações interpessoais, sejam pelas políticas públicas. Mencionei os avanços nos indicadores de saúde e educação, que foram importantes, porém sem atingir o mínimo aceitável em termos de direitos de garantias fundamentais. Mas, para mim, a coisa mais significativa daquele dia foi o reforço positivo dado por uma pessoa presente na plateia. A Helena, de sete anos, sentou na primeira fileira, e às vezes olhava para os palestrantes e escrevia, desenhava algo. Em outros momentos, corria pelo auditório, como quem tentava amenizar os efeitos do calor insuportável de 32 graus, potencializado pela falta de ar condicionado. Algum tempo depois, recebi da mãe dela, a querida Aline, as anotações feitas durante a minha apresentação, que podem ser lidas na próxima página. No auge do meu adultocentrismo, fui preparado para falar com jovens universitários, mas ao me deparar com uma criança – e o tema da apresentação era justamente sobre primeira infância! – eu simplesmente não direcionei a fala para a criança presente no auditório! Depois ao ver suas anotações sobre a minha exposição foi que percebi o aprendizado incrível que ela havia me proporcionado, pois mesmo com as barreiras impostas por mim e pelo ambiente, a menina foi diretamente na essência do que eu queria transmitir aos universitários. Aprendo sempre quando tenho contato com crianças, e, mais uma vez, não foi diferente. Obrigado, Helena, por reforçar o que eu mesmo digo por aí: “Imagina o que o Brasil seria se ouvíssemos mais as crianças e as colocássemos no centro de nossos discursos e atenções,  imagina o que seriamos”

*Eduardo Chaves é doutorando em Ciência Política e assistente social da Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do DF. Participou de algumas atividades da SemUni, entre as quais o debate “Tendências da Educação”, inserido na programação do Movimento 2022 – O Brasil que Queremos, em parceria com o Núcleo de Estudos do Futuro (UNB).