Por Tatiana Sócrates

O mundo precisa de paz e união. A humanidade está carente de amor e solidariedade. Hoje, a desunião e a competitividade reinam absolutos no cotidiano dos indivíduos e das nações. Conflitos e guerras surgem a todo momento. Neste cenário, os maiores perigos são as armas nucleares, como a temida bomba atômica. Até hoje, o único país a ter usado esse tipo de bombardeio foi os Estados Unidos, em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, fim da segunda guerra mundial, em 1945. O número de mortos foi enorme, cerca de 200 mil. Passados mais de 70 anos, o pesadelo em torno das armas de destruição em massa volta a assombrar o mundo, com o atual conflito entre EUA e Coreia do Norte. O presidente dos EUA, Donald Trump, em seu primeiro discurso na ONU, ameaçou destruir totalmente a Coreia do Norte. Esta, por sua vez, tem realizado testes com armas nucleares. Só neste ano (2017), o presidente norte-coreano, Kim Jongun, mandou lançar 14 mísseis para teste de alcance. A Coreia do Sul e os EUA também têm realizado testes com mísseis balísticos estratégicos. O medo e a insegurança tomam conta das pessoas. Ninguém quer uma terceira guerra mundial. Segundo Olga Simbalista, presidenta da Associação Nacional de Energia Nuclear, o planeta passa por dois grandes desafios. “Um é a questão do aquecimento global. O outro é evitar uma terceira guerra mundial, que, se acontecer, será com uso de armas nucleares”, diz. O monge Ademar Kyotoshi Sato, do Templo Shin Budista Terra Pura, em Brasília (DF), lamenta os estragos que uma guerra pode causar. “Eu, que tenho parentes japoneses, sei o que foi uma bomba atômica efetivamente lançada sobre um país. Também estive em Fukushima, na usina nuclear que vazou poluição [radio – ativa]. É certo que a ciência nuclear, a tecnologia nuclear mexe com a origem da vida. Há que se ter cuidado com essa tecnologia, para que ela não sirva para fazer armas e para que essas armas não sejam manipuladas pelos interesses das grandes corporações”, explica. Após a grande destruição em Hiroshima e Nagasaki, da – dos internacionais apontam que mais de duas mil armas nucleares foram detonadas durante testes e demonstrações ao redor do mundo. Os países que destruíram e são reconhecidos por possuírem esse tipo de armamento são: EUA, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte. Além disso, é quase consenso que Israel também faça parte desse rol, embora o governo israelense não reconheça. Apenas um país, a África do Sul, fabricou armas nucleares no passado, mas desmontou todo o seu arsenal após o fim do regime do apartheid, quando o país aderiu ao Tratado de Não Pro – liferação de Armas Nucleares (TNP). O Brasil tem como prioridade, em sua agenda internacional, o desarmamento nuclear e sua não proliferação como base de paz e segurança. De acordo com dados do Itamaraty, estima-se que existam, hoje, mais de 17 mil ogivas nucleares. Destas, mais de quatro mil estão em estado operacional. Os gastos das potências nucleares para manter esse arsenal (e, em alguns casos, modernizá-lo) superariam US$ 100 bilhões anuais. O governo brasileiro entende que alguns Estados nuclearmente arma – dos não implementam políticas de desarmamento. Para o Itamaraty, além de a população mundial se sentir insegura e ameaçada, esses arsenais agravam tensões e prejudicam esforços de paz. Na opinião de Alcides Costa Vaz, professor de Relações Internacionais da UnB, nestes últimos anos, diante das dificuldades que o regime de não proliferação tem enfrentado, o Brasil tem insistido na tese do desarmamento nuclear. “Não basta apenas a redução das ogivas, dos armamentos nucleares de forma geral. Sabemos que um mundo mais pacífico e seguro é um mundo sem armas nucleares”, destaca. Para debater sobre este tema, o Movimento Pedagogia das Virtudes e a Embaixada do Cazaquistão no Brasil realizaram o seminário Desarmamento Nuclear e Sua Não Proliferação como Base de Paz e Segurança. O evento foi realizado em 29 de agosto, na própria Embaixada, no Dia Internacional contra os Testes Nucleares. Autoridades no assunto, como o Embaixador do Cazaquistão no Brasil, Kairat Sarzhanov; o Presidente da União Planetária, Ulisses Riedel; o Presidente da Funag, Sérgio Eduardo Moreira Lima, entre outros, puderam debater sobre as diversas frentes de combate ao armamento nuclear e sobre as campanhas pelo desarmamento no Brasil, no Cazaquistão e no mundo.

Cazaquistão é exemplo de paz e desarmamento nuclear

O Cazaquistão é líder mundial no movi mento de extinção das armas nucleares. O Presidente do Cazaquistão Nazarbayev ganhou seu lugar na história por sua decisão, em 1991, de fechar o recinto de testes de Semipalatinsk e por se desfazer das armas nucleares. De acordo com o Embaixador do Cazaquistão no Brasil, Kairat Sarzhanov, o país traz estabilidade e segurança e prega a cultura da paz. “Desde a independência, em 1991, a nação baniu o arsenal e os testes com esse tipo de arma – mento”, enfatiza. O país também organiza Fóruns Mundiais pela Não Proliferação Nuclear e pelo Desarmamento (PNND, sigla em inglês) e conta com vários representantes políticos, religiosos e membros de ONGs para o debate e a apresentação de propostas para o desarmamento nuclear. Segundo informações da Embaixada, outro destaque que o Cazaquistão busca é o de ser reconhecido como o país da paz e da fraternidade entre as religiões. Setenta por cento dos cazaques são muçulmanos. O país recebe, a cada três anos, dirigentes das mais diversas crenças para o Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais, no Palácio da Paz e da Reconciliação, na sua capital, Astana.