Na 3ª mesa de debates da participação do Movimento 2022 na Semana Universitária, se levanta as questões internacionais que afetam o Brasil no cenário de crise

Texto: José Odeveza, sob supervisão Janaína Vieira
A mesa sob a mediação do professor Roberto Goulart teve como orador o embaixador Samuel Pinheiro. Em sua fala, ele marcou os principais fatores externos que colocam o Brasil no cenário de incertezas no meio internacional e afirmou que o xeque-mate continua sendo dos EUA. “As empresas americanas dão o martelo final”.

O diplomata, que já foi ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, hoje é reconhecido por, ao longo de sua carreira, sempre defender, com independência, suas convicções.

“Essas reformas no Brasil são, na verdade, contrarreformas. É a volta do país aos anos 20. É uma ofensiva muito grande em relação ao Trabalho Internacional. Isso é o verdadeiro cenário de Incertezas, não sabemos o que pode acontecer – temos incertezas”, declarou o embaixador.

Para o embaixador, tudo pode ser um fator contribuinte para as incertezas internacionais do Brasil. Ele aponta 5 fatores que são fortes temas a serem pensados.

“Temos 4 ou 5 evidencias: A questão do saber – se existe a decadência dos EUA. A ascensão da China, estagnação e fragmentação europeia, reafirmação Russa no cenário Internacional e a questão da inserção dos países subdesenvolvidos no cenário internacional”.

Falar de decadência americana é muito arriscado

O embaixador também fez um contraponto entre a China e os Estados Unidos. Atualmente, muito se fala sobre a ascensão da China no mundo econômico. Segundo Samuel Pinheiro, os números que a China apresenta em um cenário de crise mundial, são surpreendentes. “6,8 é uma taxa altíssima para crescimento econômico. Eles conseguiram tirar da pobreza 700 milhões de pessoas”. Mas, afirma que “falar em decadência americana é muito arriscado. Quando você vai ler a lista de indicados ao prêmio Nobel, vários são estrangeiros, que são atraídos pelo ensino americano e passam a contribuir para o conteúdo americano”.

Brasil uma potência desestruturada

No caso do Brasil, o embaixador levantou questões conhecidas no cenário brasileiro, como a corrupção, dívida externa e uso das tecnologias, e disse que para o país se destacar no cenário internacional precisa de um governo estável. “Quem quer desenvolvimento precisa de um sistema político que dê permanência. Se não, não tem desenvolvimento”.

Ainda segundo ele, falta pensamento coletivo entre a população e afirma que as políticas nacionais refletem muito na posição do Brasil no exterior.

“O Brasil não é um país normal. Ele é um país grande e com potencial, depende do seu desenvolvimento. Desenvolvimento econômico que é a utilização eficaz de seus recursos naturais, trabalho e capital”, disse, complementando que “precisamos ser mais eficientes e mais produtivos. É preciso ter uma visão mais futura das coisas”.

Haiti e um Brasil que contribui para um mundo melhor

Em contrapartida, aos efeitos negativos que tem levado o Brasil ao destaque, um feito histórico de solidariedade e fraternidade, ganhou destaque após participação com excelência do exército brasileiro na missão de paz no Haiti.

A missão foi oficialmente encerrada no mês de setembro de 2017. Em toda a sua duração, de 13 anos, a missão foi comandada militarmente pelo Brasil. Sendo que durante esses anos, em janeiro de 2010, um terremoto atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, devastando o país. Cerca de 230 mil pessoas morreram e mais de um milhão ficaram desabrigados.

Confira como foi o trabalho do Exército brasileiro na missão de paz.