Apresentar diferentes perspectivas de produção artística e alternativas de vivenciar a cultura por meio de experimentações inusitadas. Essa é a proposta da SENTIR – 2ª Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, até o dia 17 de dezembro.

As obras fazem refletir sobre a questão das pessoas com deficiência em uma percepção poética, para além dos obstáculos. Serão 10 apresentações de espetáculos de Artes Cênicas e Dança executados por uma companhia do Distrito Federal, uma do Rio de Janeiro, duas de São Paulo e uma da Eslovênia.

Além dos espetáculos, haverá oficina de dança para pessoas com ou sem deficiência, palestra e mesa de debate sobre arte e inclusão.

A iniciativa conta com financiamento e patrocínio do FAC (Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal) e apoio do Centro Cultural Banco do Brasil, da Embaixada da Eslovênia em Brasília e da Universidade de Brasília (UnB).

SOBRE OS ESPETÁCULOS

Barbara Pia Jenič

(Eslovênia) – Sensorial theatre language in Senzorium

Classificação: 12 anos

Duração: 120 minutos

Com audiodescrição e libras

A palestra/performance realizada por Barbara Pia Jenič trata-se de uma apresentação teórica e prática do que é a linguagem sensorial, seu contexto internacional e histórico e o modo de desenvolvimento do grupo Senzorium na Eslovênia. A artista mostra como a poética da linguagem teatral sensorial baseia-se em várias ferramentas: Escuridão, silêncio, solidão, linguagem dos sentidos, inconsciente coletivo, sincronismo, espaço vazio, imagens internas, arquétipos e símbolos. Os visitantes são viajantes: são os principais atores e se deslocam de um espaço para outro. Os artistas de uma história são personagens secundários nas histórias dos visitantes. É extremamente difícil para a linguagem teatral sensorial corresponder à poética teatral convencional. A especificidade da linguagem teatral sensorial é que ela trata os visitantes individualmente. Barbara Pia é uma das principais expoentes da linguagem sensorial teatral no mundo.

Similitudo – Projeto Pés – (DF)

Classificação: livre

Duração: 45 minutos

Com oferta de audiodescrição, não há necessidade de Libras pois não há oralidade no espetáculo.

SIMILITUDO propõe-se ao cotidiano em cena. O espetáculo aborda questões do convívio social no dia-a-dia e de como esse cotidiano, muitas vezes, poda e molda padrões de movimento, de relacionamento e até de sensibilidade.

Ninguém mais vai ser bonzinho – Escola de Gente / Os Inclusos e os Sisos

Classificação: livre

Duração: 60 minutos

Com audiodescrição e Libras

Os Inclusos e os Sisos – Grupo de Arte e Transformação Social – foi criado no ano de 2003 pela Escola de Gente a partir de mobilização de Tatá Werneck junto aos alunos(as) de Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), despertou plateias para a causa da inclusão através do teatro. Desde sua formação, o grupo já percorreu 14 estados de todas as regiões do Brasil, somando um público de mais de 30 mil pessoas. Fundada pela jornalista Claudia Werneck em 2002, a ONG Escola de Gente já sensibilizou mais de 400 mil pessoas de 16 países das Américas, África, Oceania e Europa, além de contar com parceiros/as da sociedade civil, governos, Ministério Público da União, conselhos de direitos, cooperação internacional e empresas. Por sua atuação, a ONG recebeu 41 reconhecimentos nacionais e internacionais, dentre elas duas da Presidência da República: o “Prêmio Direitos Humanos 2011” na categoria “Direitos de Pessoas com Deficiência”, a mais alta condecoração do Estado brasileiro na área dos Direitos Humanos; e a Ordem de Mérito Cultural 2014, por usa contribuição ao país na categoria “Artes Integradas”.

O pequeno príncipe sensorial – Grupo Sensus (SP)

Classificação: livre

Duração: 120 minutos (25 minutos por trajeto)

Com Libras

O Pequeno Príncipe Sensorial é uma performance “ambulante”. O público é convidado a percorrer um trajeto conduzido pelos atores que, além de guiá-lo, interpretam textos da obra de Antoine de Saint-Exupèry, e o estimulam sensorialmente através do tato, olfato e audição. Por utilizar a plateia vendada, o Pequeno Príncipe e todo seu simbolismo, dialoga com a linguagem do Sensus, especialmente quando diz: “o essencial é invisível aos olhos”. Valores como amizade, amor e caráter são introduzidos de forma poética nesta obra encantadora que emociona crianças e adultos.

D… Equilíbrio – Marcos Abranches (SP)

Classificação: 14 anos

Duração: 45 minutos

Com audiodescrição

Marcos Abranches é coreógrafo e dançarino portador de coreoatetose, deficiência física rara decorrente de uma lesão cerebral. Não é uma doença e sim um estado patológico que se manifesta a partir de movimentos involuntários, intermitentes e irregulares da face e dos membros. Marcos acha importante enfatizar que não possui nenhuma limitação intelectual e que utiliza da própria deficiência como referência de estudo para a construção de sua linguagem artística corporal, sendo o único coreógrafo brasileiro com paralisia cerebral a propor um estudo sobre dança contemporânea.

D…Equilíbrio” inspirou-se especialmente no filme “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky, adaptado do livro “Canto dos Malditos” de Austregésilo Carrano. O bailarino que vai ministrar ainda uma oficina intitulada “Coreoatetose” (causada por paralisia cerebral) chegou a conhecer o escritor. O solo reflete a relação entre equilíbrio e desequilíbrio dentro da parcialidade de movimento do dançarino Marcos Abranches. Ele oscila o corpo para despertar do vazio e isolamento causado pelo desequilíbrio. A desestética do movimento é sentida pelo abandono e pela rejeição, entendendo que o alívio está no amparo do amor. Investiga no movimento do corpo um mundo sem angústia, sem dores, sem desespero. Busca a vida. Encontra na dança o equilíbrio do corpo e o belo da alma.

PROGRAMAÇÃO

Espetáculos

Dia 13 de dezembro, às 19h, Teatro I do CCBB/DF:

Abertura e apresentação artística -Barbara Pia Jenič – Sensorial theatre language in Senzorium (Eslovênia)

Dias 14 e 15 de dezembro, às 19h, Teatro II do CCBB/DF:

Similitudo – Projeto Pés – (DF)

Dias 14 e 15 de dezembro, às 21h, Teatro I do CCBB/DF:

Ninguém mais vai ser bonzinho – Escola de Gente / Os Inclusos e os Sisos (RJ)

Dias 16 e 17 de dezembro, às 16h, Teatro II do CCBB/DF:

O pequeno príncipe sensorial – Grupo Sensus (SP)

Dias 16 e 17 de dezembro, às 21h, Teatro I do CCBB/DF:

D… Equilíbrio – Marcos Abranches (SP)

Oficinas e atividades paralelas


Palestra / Mesa de debate – Arte, deficiência e inclusão – 14 de dezembro às 15h (UnB)

Com Libras

Coordenação: Everton Luis Pereira. Antropólogo e professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília. A deficiência ainda se configura como um tema pouco debatido nos diferentes meios, sejam eles na sociedade em geral ou nas universidades. Trata-se a deficiência como se fosse uma questão a ser apenas abordada por especialistas, grande medida médicos, psicólogos e assistentes sociais, deixando os demais pouco expostos a problematização da questão e debate de um tema tão pertinente. As artes, neste sentido, é um dos espaços que pouco se debate o tema e pouco vem sendo feito no sentido de reconfigurar as formas de pensar e fazer teatro e dança a partir dos corpos diferentes.

Barbara Pia Jenič (Eslovênia) – Sensorial theatre language in Senzorium

15 de dezembro às 15h (UnB)

Auditório 01

Faculdade de Ciências da Saúde (FS)

Campus Universitário Darcy Ribeiro

Universidade de Brasília (UnB)

Com Libras e audiodescrição

A palestra/performance realizada por Barbara Pia Jenič trata-se de uma apresentação teórica e prática do que é a linguagem sensorial, seu contexto internacional e histórico e o modo de desenvolvimento do grupo Senzorium na Eslovênia. A artista mostra como a poética da linguagem teatral sensorial baseia-se em várias ferramentas: Escuridão, silêncio, solidão, linguagem dos sentidos, inconsciente coletivo, sincronismo, espaço vazio, imagens internas, arquétipos e símbolos. Os visitantes são viajantes: são os principais atores e se deslocam de um espaço para outro. Os artistas de uma história são personagens secundários nas histórias dos visitantes. É extremamente difícil para a linguagem teatral sensorial corresponder à poética teatral convencional. A especificidade da linguagem teatral sensorial é que ela trata os visitantes individualmente. Barbara Pia é uma das principais expoentes da linguagem sensorial teatral no mundo.

Oficina Coreatetose com Marcos Abranches, 16 de dezembro, 10h (PROMODEF – Estação 112 sul metrô)

Com Libras

Oficina de dança para pessoas com ou sem deficiência com o coreógrafo Marcos Abranches a “Oficina Coreoatetose” tem seu foco no refinamento da linguagem da dança inclusiva dentro do universo da dança contemporânea. O processo criativo da oficina está centrado no estudo do corpo de Marcos Abranches em e tem como referências o método Feldenkrais, o Butoh, o Danceability e o Contato-improvisação.