De acordo com levantamentos,
entre 1990 e 2011, a taxa de mortalidade materna brasileira caiu 55%, passando
de 141 para 64 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos. Isso porque o país
apresenta um bom desempenho quanto à universalização do acesso à saúde sexual e
reprodutiva. Informações da ONU dão conta de que 99% dos partos são feitos em
hospitais ou outros estabelecimentos de saúde e quase 90% das gestantes
realizaram pelo menos quatro consultas pré-natais.

Melhorar a saúde materna é o
quinto objetivo de desenvolvimento do milênio (ODM 5), que tem como meta
reduzir a taxa de mortalidade a ¾ do nível observado em 1990 até 2015.
Entretanto o mundo não conseguiu atingir os níveis desejados, embora tenha
reduzido de 440 para 240 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. A meta da ONU
é de 35 óbitos por 100.

Razões e tendências da
mortalidade materna

Para reduzir a mortalidade
materna é preciso analisar e atuar sobre os motivos das mortes durante a
gravidez, no parto e no puerpério (até 42 dias após o parto). No país, a
redução do indicador razão da mortalidade materna (RMM) até 2011 se deve, em
grande parte, à queda da mortalidade materna por causas obstétricas diretas:
resultantes de complicações surgidas durante a gravidez, o parto ou o
puerpério; ou decorrentes de intervenções, omissões, tratamento incorreto ou de
eventos associados a qualquer um desses fatores.

Na avaliação do obstetra Ricardo
Cabral, a mortalidade materna ultrapassa o campo da medicina é, principalmente,
uma questão social. “Por mais que tenha havido medidas nas diversas instancias
dos estados, ainda não conseguimos levar a mortalidade materna aos níveis
adequados”. Para o médico, existem fatores que explicam a dificuldade em
reduzir os casos no país. Entre eles, destacam-se à ocorrência de abortos
clandestinos e o alto número de cesarianas realizadas em hospitais públicos e
privados.

O elevado percentual de
cesarianas é um desafio para a política de saúde. O relatório da ONU mostra que
no país, em 1996, 41% dos partos foram casarios e, em 2011, 54%.  Número superior ao indicador da Organização
Mundial de Saúde (OMS), cujo recomenda que o percentual de cesarianas não
ultrapasse a faixa entre 5% e 15% do total de partos.

A realização indiscriminada de
cesarianas envolve riscos tanto para a mãe quanto para a criança. Mulheres
submetidas a esse tipo de parto correm 3,5 vezes mais risco de morrer e têm 5
vezes mais chance de contrair uma infecção puerperal.