No último dia 13 (terça-feira), a primeira edição da Caravana do Idoso reuniu na Estação 112 Sul do Metrô-DF aproximadamente 300 idosas e idosos, numa ação de conscientização, convívio e prestação de diversos servições sociais, médicos, jurídicos e de orientação. Durante o evento, o Centro de Referência em Direitos Humanos do Distrito Federal (CRDH/DF) reuniu os presentes para uma explanação sobre como identificar quais os tipos de violência às quais a pessoa idosa pode estar sujeita no cotidiano.

“Comemoramos no dia 15 de junho o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, e a realização desse evento é de grande importância para voltarmos nossa atenção para as questões dessa população. Estamos prestando informações e acolhimentos aos idosos vítimas dos diversos tipos de violência, e os ajudando a entender quais são e como se dão cada uma dessas violações de direitos”, explicou a assistente social do CRDH/DF, Nair Meneses.

Ela pontua ainda que o CRDH/DF desenvolveu diversas articulações e atendimentos durante a realização do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Pessoa Idosa. “Essas ações nos aproximaram muito do público e das instituições que hoje participam da caravana. Quando aglutinamos essas pessoas num ambiente com tantos serviços, elas têm a oportunidade de receber acolhimento, orientações e soluções das mais diversas naturezas, o que facilita muito suas vidas”, acrescenta Nair.

“Por serem mais vulneráveis, as pessoas idosas precisam de esforços conjuntos de todos os setores da sociedade, para que a dignidade delas seja resgatada e preservada”, completa. 

Denúncia

Ana Paula Damasceno, titular da Coordenação de Pessoas Idosas da Secretaria de Estado de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) do Governo do Distrito Federal (GDF), alerta para a importância da denúncia no combate à violência contra idosos. “Testemunhar ou saber de uma violência e permanecer em silêncio é ser cúmplice dessa violação. Denunciar é cuidar. Precisamos estar todos atentos a essas questões, porque todo cidadão tem o dever de identificar e denunciar qualquer violação da dignidade e da integridade física, mental e moral das pessoas idosas”, reforça.

O Disque 162 é o canal de denúncias do Governo do Distrito Federal. O Disque 100 é o canal de denúncias nacional. Além disso, discando 156, é possível obter informações sobre denúncias e maus tratos. Todos esses canais são gratuitos.

Segundo Ana Paula, Ceilândia, Plano Piloto e Taguatinga são as regiões com maior quantidade de ocorrências de violência contra idosos. “Hoje o maior violador da pessoa idosa é a própria família, principalmente os filhos. Quando falamos de negligência, estamos falando de muitas coisas, como por exemplo a administração de medicamentos, que nessa fase da vida, muitos idosos precisam fazer uso, negligenciar os cuidados com a vida e o cotidiano dessa pessoa”

A iniciativa

A caravana vai acontecer a cada dois meses, e cada edição terá um tema distinto. O objetivo é, assim como realizado no dia 13, levar prestação de serviços e informações para a pessoa idosa de todo o DF. “Muitos idosos e idosas presentes aqui hoje já passaram por atendimento em algum órgão da rede que presta assistência a esse púbico, mas precisam de novos acompanhamentos e serviços”, explica Ana Paula.

Todos os serviços ofertados para a população idosa fazem parte da caravana, como atendimentos do INSS para esclarecimentos e soluções referentes a aposentadoria, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) para diagnósticos de doenças oculares, do Hospital São Mateus para procedimentos ambulatorial, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para esclarecimentos e orientações jurídicas, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racional, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), da Polícia Civil, para informações e atendimento a quem precisa denunciar e solicitar auxílio.

“Procuramos reunir toda a rede de enfrentamento, para que eles estejam atentos e possam acessar os serviços a que têm direito e que estão sempre prontos a recebê-los”, acrescenta Ana Paula.

Adriana Pederneiras, assessora do deputado distrital Júlio César Ribeiro, pontuou a necessidade de articular novas medidas em defesa dos direitos e da vida da pessoa idosa. O deputado é presidente da Frente Parlamentar do Idoso na Câmara Legislativa do DF. “A Frente tem por finalidade fomentar políticas públicas relacionadas à população idosa, ampliando a qualidade de vida dessas pessoas. Já conquistamos, por exemplo, o direito à vacinação domiciliar para idosos e pessoas portadoras de doenças crônicas, mas os desafios ainda são muitos, e os projetos estão tramitando”, completou.

Tipos de violência

São seis os tipos de violência praticadas contra pessoa idosa.

Física: Inclui abuso e maus tratos físicos. Constituem a forma de violência mais visível e costumam acontecer por meio de empurrões, beliscões, tapas ou por outros meios mais letais, como agressões com cintos, armas brancas (como facas, estilete) e armas de fogo.

Negligência ou abandono: Negligência é a omissão por familiares ou instituições responsáveis pelos cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social do idoso. Privação de medicamentos, descuido com a higiene e saúde, ausência de proteção contra o frio e o calor são formas de negligência. O abandono é uma forma extrema de negligência.

Sexual: É qualquer ação na qual uma pessoa, fazendo uso de poder, força física, coerção, intimidação ou influência psicológica, obriga outra pessoa, de qualquer sexo, a ter, presenciar ou participar, de alguma maneira, de interações sexuais.

Econômico-financeira e patrimonial: Consiste no usufruto impróprio ou ilegal dos bens dos idosos, e no uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais.

Autoinfligida e autonegligência: Refere-se à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança por meio da recusa de prover a si mesma os cuidados necessários. Nesse caso, não se trata de terceiros que provocam a violência, e sim da própria pessoa idosa.

Psicológica: Corresponde a qualquer forma de menosprezo, desprezo, preconceito e discriminação, incluindo agressões verbais ou gestuais, com o objetivo de aterrorizar, humilhar, restringir a liberdade ou isolar a pessoa idosa do convívio social.

Todas essas violências podem resultar em tristeza, isolamento, solidão, sofrimento mental e depressão. E podem acarretar doenças diversas.