A
desigualdade de gênero impõe barreiras para o pleno desenvolvimento e autonomia
das mulheres. De acordo com Denise Dora, sócia fundadora da ONG Themis –
Gênero, Justiça e Direitos Humanos, não 
há um consenso sobre igualdade de gêneros e igualdade da mulher na sociedade
brasileira. “Há uma ideia nítida que aquele outro não é uma pessoa, mas só um
corpo. Por isso verificam-se índices alarmantes de violência domestica,
violência sexual (estupro), diferença salarial, desigualdade na representação
política, acesso a terra, acesso a propriedade”, explicou.

Para
acabar com esse contraste de realidades, a ONU definiu como terceiro objetivo
de desenvolvimento do milênio ‘Promover a igualdade de gênero da autonomia das
mulheres’. Nesse sentido, estão sendo desenvolvidos uma série de ações para
diminuir as disparidades entre os sexos em todos os níveis, tanto que o mundo
está muito próximo de atingir a meta de eliminar, até 2015, a desigualdade de
gênero no ambiente educacional. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento
do Milênio 2013,
no Brasil, em 2012, para 100 homens, havia 136 mulheres
cursando universidades.

Entretanto,
o sucesso educacional das mulheres não significa a superação das desigualdades.
De acordo com o Relatório Nacional de Acompanhamento dos ODM, do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os lugares sociais reservados para cada um
dos sexos determinam o modo como meninos e meninas fazem suas escolhas
profissionais. Isso produz a segmentação sexual do conhecimento, manifestada na
escolha de um curso superior.

Em
2012, as mulheres eram 70% dos alunos matriculados em cursos das áreas de
Educação e de Saúde e Bem-estar Social, mas apenas por 30% das inscrições em
Ciências, Matemática e Computação, e de Engenharia, Produção e Construção.
Dessa forma, mesmo que elas possuam níveis educacionais superiores aos dos
homens, a segmentação do conhecimento leva a um quadro de persistentes
distâncias entre os dois sexos no acesso a postos de trabalho, na renda e na
qualidade dos vínculos de emprego.