A União Planetária é uma organização da sociedade civil de interesse público, fundada em 1997, em Brasília, que trabalha pela “elevação ética da mentalidade mundial” objetivando contribuir na edificação de “um novo modelo civilizatório virtuoso”, de paz, entendimento e fraternidade universal, digno da raça humana.

A humanidade é vítima de sua própria ignorância, mãe do egoísmo, da insensibilidade e da descrença, que são as principais causas dos conflitos, sendo imprescindível reverter esse quadro, atuando pela mudança de paradigmas e pela edificação de um novo modelo civilizatório virtuoso, honrado, humano, espiritual. No Budismo, é apontada a ignorância como a fonte de todos os males, que traz a ilusão da separatividade e falta de percepção da unidade da vida. No Cristianismo, encontramos a famosa frase de Cristo na cruz: “perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem”.  Krishnamurti disse que só existem dois tipos de pessoas, as que sabem e as que não sabem, referindo-se aos que sabem do plano evolutivo, sinalizando assim a ignorância como a fonte de todos os males.

Os paradigmas, os costumes, adotados pela coletividade estão na esfera dos valores éticos ou não éticos, que por natureza não pertencem ao mundo da matéria e, sim, ao mundo imaterial, subjetivo, espiritual, dos pensamentos, dos sentimentos, das motivações e só podem ser modificados com uma atuação nesses mesmos níveis. Daí a importância da elevação ética da mentalidade mundial. As ideias governam o mundo. O invisível governa o visível.

Nesse sentido, a União Planetária é constituída por simpatizantes e voluntários que, livremente, por amor, buscam aliviar o sofrimento humano, se comprometendo a trabalhar pelo indispensável aprimoramento individual, pelo autoaperfeiçoamento para melhor servir, e trabalhar pelo bem da humanidade, de forma inclusiva, abrangente, com vontade, sabedoria e amor.

A pedra angular de seu trabalho é o amor incondicional, objetivando criar a consciência coletiva da fraternidade universal, edificando, no coração dos homens, o Templo da Humanidade.

 A União Planetária não se apresenta como sendo a solução para os problemas mundiais; acredita que o mundo precisa da luz de todos, de todas as correntes filosóficas, das tradições espirituais, de todos os homens de boa vontade; que todas as pessoas e entidades têm luz própria e que todas podem e devem colaborar na construção de um mundo melhor, mais digno e mais decente. O mundo é um jardim onde a União Planetária é apenas uma flor nesse jardim onde existem muitas outras flores, com outras cores e matizes, perfumes e belezas, com suas próprias mensagens, que devem ser valorizadas. A União Planetária crê que a beleza mais significativa é a do conjunto do jardim.

O que caracteriza a atuação da União Planetária, o seu diferencial, é que ela “trabalha unicamente com a luz”, com o positivo, com o fraterno, com o amor em uma dimensão espiritual, com o reconhecimento da unidade da vida, da fraternidade humana; ela parte do pressuposto de que a humanidade fica batendo na porta errada da materialidade e que a solução dos problemas humanos estão em outra dimensão, da espiritualidade, da subjetividade, dos valores éticos adotados pela sociedade; ela sabe que é importante o conhecimento dos fatos, das dificuldades, dos problemas e de suas análises, mas entende que as soluções só são possíveis com a aplicação de princípios éticos, espirituais, humanos; não acredita que a crítica, o castigo, a punição, guerras e violências sejam os meios adequados para o aperfeiçoamento humano, eis que esses comportamentos criam resistências, antagonismos, confrontos, desentendimentos, lutas e não trazem transformações reais; sustenta a importância do diálogo, da busca de entender o outro; sustenta que, em essência, a atuação deve ser pela conquista amorosa de mentes e corações; entende que os problemas humanos têm sua raiz na ilusão da separatividade, vendo os outros separadamente, sem a percepção da unidade da vida, ocasionando o desamor e indiferença pela dor da humanidade; a União Planetária, sem utilizar a crítica e o confronto – respeitando todos os entendimentos existentes -, entende que “somos todos um” e que a “nossa família é a humanidade”; dentro dessa percepção ela busca “articular a luz de todas as pessoas e entidades” que compõem a humanidade, para uma atuação conjunta, reconhecendo que a beleza mais significativa está na multiplicidade da manifestação cósmica.

Essa postura da União Planetária, de só trabalhar com a luz, com o positivo, traz dúvidas e oposição para alguns que acreditam que o bem e o mal são inseparáveis, que Deus criou este par de opostos em equilíbrio, sendo um equívoco pensar em construir um mundo sem a existência do mal. Talvez tenham razão. Vamos examinar. Essa questão pode ser examinar por outro ângulo. Pode-se considerar que no plano divino tudo está certo, não existindo filosoficamente o bem e o mal. Tudo está no seu lugar. Mas, no plano da existência, é visível haver uma brutal diferença entre o comportamento de uma pessoa matar outra para roubar e a de outra pessoa expor a própria vida para salvar um desconhecido. O altruísmo e o egoísmo presentes nas relações humanos fazem toda a diferença. Deve-se levar em conta que todas as religiões do mundo sempre ressaltaram a importância de comportamentos voltados para o bem. No Cristianismo, o ensinamento mais alto é o de “amai os vossos inimigos”. Buda fez a síntese de seus ensinamentos dizendo: “Deixai de praticar o mal, resolutamente praticai o bem, purificai a mente, eis a doutrina dos Budas”. No Confucionismo, encontramos a sua síntese no pensamento “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a ti”. No Judaísmo, encontramos a sua síntese no decálogo, direcionado para uma atuação positiva. Ahimsa é o princípio ético-religioso adotado pelo Jainismo e presente no Hinduísmo e no Budismo, e que consiste na rejeição constante da violência e no respeito absoluto de toda forma de vida. Mahatma Gandhi fez do ahimsa o báculo de sua doutrina política. Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, uma entidade espiritualista de livres pensadores, assim se expressou: “Não deixes que o sol penetrante seque uma só lágrima de dor, antes que tu mesmo a tenhas enxugado no olho daquele que sofre”. O Corão faz da esmola e da solidariedade um pilar da espiritualidade islâmica. O Taoísmo enfatiza a vida em harmonia com o Tao, cujo terno designa a fonte, a dinâmica e a força motriz por trás de tudo que existe. O Xintoísmo caracteriza-se pelo culto à natureza, aos ancestrais e tem uma forte ênfase na pureza espiritual.

Em realidade, todas as manifestações espirituais estão centradas no amor, na solidariedade, na fraternidade universal. Por que o mundo, tão fortemente assentado na religiosidade, ainda convive com a violência? Certamente é um tema que se deve tentar desvendar.

Na prática, todos os problemas da humanidade são de relacionamento, onde os comportamentos positivos, de altruísmo, de cooperação, de solidariedade, de amor, só trazem alegria e felicidade, e, ao revés, todos os comportamentos de egoísmo, de individualismo, de desamor, trazem tristeza e infelicidade.

Daí a importância das virtudes, que são valores positivos e devem ser estimuladas, e a certeza de que se deve trabalhar pelo bem, pelo positivo, pelo solidário, pelo amor.

Há um indicativo natural de que a criação divina está formatada na lei do equilíbrio, da harmonia, e que a ação que rompa o equilíbrio acarreta um movimento em sentido contrário, para restabelecer o equilíbrio. Não há punição, há consequência.  Gentileza gera gentileza, ódio gera ódio. Colhe-se o que se planta. Nos fartaremos do que semearmos.

Outra questão que deve ser examinada está na descrença. Em realidade, nesse mundo com tantas dificuldades, com tantos dissabores, é compreensível que muitas pessoas fiquem descrentes e manifestem o seu negativismo ficando omissas e indiferentes com a dor da humanidade. Mas existem outras pessoas que compreendem que os males existentes são criados pela própria humanidade, com suas descrenças, com a falta de fé em si próprios e na humanidade. Quando tivemos durante milênios a escravidão, uma insanidade e desumanidade, quem estabeleceu esse sistema perverso? Nós mesmos, a humanidade. Uns atuando como escravistas e outros omissos aproveitando o conforto da existência de escravos. Quem construiu a nova realidade da abolição dos escravos? É simples, é visível, os abolicionistas. Uma luta de séculos, mas vitoriosa. Da mesma forma que a escravidão um dia teve um fim, graças a dedicação dos abolicionistas, também a miséria, as desigualdades sociais, terão também o seu fim. E quem irá construir esse mundo novo? Os descrentes, os acomodados? Não!  As transformações necessárias serão feitas por aqueles que acreditaram na possibilidade das mudanças e lutaram por elas. É preciso sonhar, querer, saber, poder, ousar e comemorar. Cada um de nós poderá ser um dos construtores de um mundo melhor. Foi nesse cenário que Martin Luther King afirmou: “O silêncio dos bons me assusta mais do que o grito dos maus. Pior do que os poucos que muito mal nos fizeram, fez a grande maioria que ficou sentada sem fazer nada”.

Existe um mundo ideal realizável e imprescindível, depende da própria humanidade. É preciso escolher entre viver nas trevas ou viver na luz. O que você vai escolher?

Ulisses Riedel