Início da semana Universitária traz o Movimento 2022 para a sala de aula, com mesa de diálogos que propõe soluções para a crise financeira do Brasil

Texto: José Odeveza, sob supervisão Janaína Vieira
A abertura do evento nesta segunda-feira (23/10), em parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e o Movimento 2022: O Brasil que queremos, levantou discussões na Semana Universitária.  A proposta de argumentar os reais problemas políticos, sociais e econômicos do Brasil trouxe ato solene de abertura, que contou com a presença da embaixadora da paz, a atriz Maria Paula Fidalgo, acrescentando arte ao evento.

Em sua fala, Maria Paula se declara “artivista” e defende que o Brasil alinhe discursos para uma melhora das políticas públicas.

“Nós precisamos estar alinhados em busca dos objetivos, para que eles possam ser alcançados. Como eu posso mudar o paradigma – Eu posso ficar bem -, para o – Nós podemos ficar bem – Precisamos sair do individual para o coletivo.”

Embaixadora da Paz e Atriz Maria Paula marca presença em abertura da Semana Universitária

O Brasil de abundância no cenário de crise
“Financeirização, sistema da dívida e nova modalidade de subtração de recursos via securitização de créditos”

A 1º mesa de debates do Movimento 2022 trouxe a criadora do projeto Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, o professor da Universidade de Brasília Carlos Alberto Lima e o doutor em Direito Previdenciário Diego Cherulli. Segundo os especialistas, a financeirização é o momento do capitalismo que estamos vivendo.

O Brasil possui a 9ª maior economia mundial, possui diversas riquezas ambientais, maior riqueza de nióbio do mundo, um metal muito valioso. Possui a maior reserva de petróleo, água potável e a maior área de agricultura do planeta. Isso tudo são as riquezas materiais, sem dimensionar as riquezas imateriais não escassas, como a cultura. Diante dos fatos é nítida a potencialidade do país, mas o que separa o cenário de abundância para o de escassez? Segundo a mesa, tudo se dá pelo modelo econômico do país.

Segundo Fattorelli, “essa crise foi fabricada por uma política monetária (uma política que pratica os juros mais altos do planeta). […] A crise financeira que ronda o Brasil durante os últimos anos se coloca cada vez mais nítida, e o pacote de reformas e privatizações implementadas pelo Governo do Brasil são apenas uma nova modalidade de captação de recursos em forma de propaganda de securitização de créditos”.

Pacote de privatizações – 57 empresas estatais e lucrativas vendidas para empresas estrangeiras por 44 bilhões. Segundo o Dr. Diego Cherulli, este valor corresponde aproximadamente ao que os portos brasileiros sozinhos geram para o país, estes que também se encontram nas possíveis privatizações.

Para quem são os cortes? Quem vai pagar a dívida?

O modelo concentrador de riqueza cria uma política suicida com o padrão tributário regressivo. O sistema da dívida – ajuste fiscal e privatização – mostra como os problemas não se concentram nos cortes, e sim nos juros, como contabilização.

Os juros mais elevados do mundo praticados no Brasil têm sido o principal fator responsável pelo crescimento exponencial da dívida pública. A necessidade de pagar esses juros tem servido de justificativa para as políticas de inanição de investimentos essenciais.

Os juros abusivos amarram toda a economia do país, afetando negativamente a indústria, o comércio, investimentos geradores de empregos, e abortam possibilidades de nascimento de novos negócios que dependem de crédito, constituindo a principal causa da crise fiscal e da paralisação da economia.

Diego Cherulli afirma que medidas tomadas são imprecisas. “Nos relatórios da dívida brasileira foram encontrados mais de 200 erros. Não foi feita uma análise, foram feitas ações pontuais. Entretanto, a mídia traz em suas reportagens fraudes famosas, como a lava jato, que criam uma cortina de fumaça para os reais problemas do país”.

Uma verdadeira radiografia do “economicidio” no Brasil – Hora de se unir

Segundo o Professor Carlos Alberto Lima, o cenário de crise tem que ser o principal motivador para despertar ações coletivas. “Nós vivemos numa sociedade dominada pelo capital, uma sociedade dividia em classes sociais, que batem diretamente em camadas sociais, classes e grupos sociais”.

O presidente da União Planetária, Ulisses Riedel, trouxe à mesa a contribuição final, ressaltando a importância do jovem nas participações políticas. “É preciso que a gente perceba a importância desse estudo e desse aprofundamento. Hoje em dia o domínio é econômico. Estamos novamente colonizados e precisamos conquistar nossa independência”.